Das escadarias do rio para o pódio: a volta por cima de Rafaela Silva

Entre becos, vielas e uma suspensão, ela prova que dificuldades podem ser apenas um ponto de vista!

Na favela carioca da Cidade de Deus, crescia Rafaela Silva, jogando futebol com outros meninos em um campo de terra próximo a sua casa. Preocupados com o tempo gasto brincando na rua, quando Rafaela tinha sete anos seus pais a inscreveram junto da irmã, Raquel, para aulas de judô no Instituto Reação, recém montado na Cidade de Deus pelo ex-atleta Flávio Canto. A aptidão das irmãs era tanta que o técnico Geraldo Bernardes pediu ao pai Luiz Carlos para que elas permanecessem no judô, pois tinham potencial de se tornarem atletas da seleção.

Infelizmente, Raquel se afastou do esporte por causa de lesões no joelho. Mas Rafaela seguiu e serviu de inspiração para a sua irmã, ao ajudá-la a superar suas dificuldades.

Começou a participar de competições pelo Instituto, e comprovando o dito pelo técnico, logo se viu disputando mundiais, jogos Pan-americanos e outros campeonatos relevantes no meio judoca.

Em 2012 participou das olimpíadas de verão em Londres, e após uma eliminação por usar um golpe ilegal, se viu envolvida em sua primeira polêmica ao, após a eliminação, ofender seguidores brasileiros em sua conta no Twiterr.

Mas Rafaela logo recuperou seu “espírito esportivo” e em 2013 teve um ano de glórias, conquistando medalha de ouro no Pan-americano de Judô e se tornando a primeira brasileira a se sagrar campeã mundial de Judô.

Em 2015 entrou para a Marinha e conquistou ouro em jogos mundiais militares.

Nas olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro, sua cidade, ganhou a primeira medalha de ouro do Brasil nos jogos.

Infelizmente, no ano de 2019, Rafaela conquistou ouro nos jogos Pan-americanos, mas teve sua conquista invalidada após ser “pega” no exame antidoping.

Depois do devido processo, recebeu como pena uma suspensão de dois anos, e por isso, não pode competir nas Olimpíadas de Tóquio.

Após cumprir sua suspensão, deu a sua volta por cima: retomou às competições e garantiu, neste ano (2022), ouro em sua categoria no Campeonato Mundial de Judô, o que lhe gerou muita, mas muita emoção.

Rafaela é exemplo para beneficiários de Projetos como os que a Fundação Aleijadinho oferece:

• Ela provou os impactos positivos que Projetos como estes apresentam nas comunidades em que se inserem, servindo como instrumentos para afastar das ruas crianças e adolescentes;
• Provou os impactos positivos que tais Projetos apresentam na vida dos beneficiários;
• Mostrou que nossas comunidades têm muitos talentos com muito potencial a serem descobertos;
• Mostrou também que, apesar da disciplina e dos demais valores ensinados na prática esportiva do Judô e dos demais esportes, ninguém está isento de cometer erros e sofrer algumas consequências deles;
• Mas, com humildade, reconheceu seus erros, cumpriu sua pena e provou que é a mesma disciplina, valores e foco que garantem a persistência, a vontade, a força e a garra para se levantar após uma queda, seja no esporte, seja na vida.

Parabéns, Rafaela! Obrigada por ser exemplo, e seja bem-vinda de volta aos tatames mundiais, à sua casa!

 “Acreditar no esporte é incentivar conquistas (e recomeços)!”