A graduação no judô: hora de comemorar a evolução além da técnica

07/12/2022 às 21h27

Já sabemos que o judô foi desenvolvido por Jigoro kano, e é, atualmente, uma das artes marciais mais respeitadas do mundo, principalmente pelos seus fundamentos e princípios (tem matéria aqui no site falando um pouquinho sobre isso, te convidamos a conferir).

Jigoro Kano também foi o responsável por desenvolver o sistema de faixas coloridas, com o objetivo de deixar visível o nível de progresso do aluno.

Neste sentido, no Judô, as graduações se dividem em: Kyu (graduação inferior), que são as faixas de cores, e Dan (graduação superior), que vem a partir da faixa preta.

Mas Jigoro Kano era um indivíduo muito comprometido com a educação, como principal instrumento de construção e modificação de uma sociedade no que diz respeito a ações voltadas à formação do caráter.

Por isso, a graduação vai além da mudança de faixa, que se trata de uma convenção e/ou formalidade, no intuito pedagógico, de estímulo ao praticante.

Ela é uma consequência do aprendizado e não se refere apenas à destreza na realização dos golpes e das técnicas perfeitamente aplicadas.

Em sua essência, a graduação ou mudança de faixa deverá estar sempre atrelada ao equilíbrio e respeito ao próximo, à evolução do praticante dentro e fora do Dojo, ou seja, respeito aos pais, irmãos, amigos, colegas e, principalmente, aos inimigos que porventura os tenham. Diz respeito ao que o judoca pratica em seu dia a dia, dentro e fora da prática do esporte.

A cada faixa trocada, tem-se junto o início de uma nova jornada que virá com uma enorme bagagem de conhecimento atrelada.

Depois da faixa marrom, o praticante se torna um graduado, ou assim por dizer um yodansha, recebendo a faixa preta e o primeiro grau, se tornando um Shodan.

A graduação é feita em “dans”, e a faixa preta é o 1º dan (shodan ou ichidan).

O faixa preta é aquele que treinou muito e possui extrema habilidade em determinada arte. Habilidade que vai, como já dito anteriormente, além da técnica. Representa humildade, autocontrole, maturidade, serenidade, disciplina com responsabilidade, dignidade e conhecimento. 

Ele já dominou os básicos e assume outro patamar em seus aprendizados. Tal pessoa não é só um aluno que não possui os saberes fundamentais da arte, mas ele fala na mesma língua do instrutor.

Neste mês, tivemos o orgulho de realizar a cerimônia de graduação faixa preta de alguns dos professores do Projeto Judô de Ouro, e ninguém melhor do que eles para nos contar o que esse momento significou na vida de cada um.

Confira abaixo:

Pedro Gabriel Neves de Almeida

Atualmente com 19 anos, sendo 11 dedicados à prática do judô. Iniciou sua trajetória no judô com 8 anos de idade, por indicação de uma psicóloga, após o diagnóstico de depressão. Ele agradece ao esporte pela ajuda na superação da doença, a transformação dela (e ele considera até mesmo a cura) se deu através da motivação.

A conquista da graduação da faixa preta representa essa superação, e logo se mostrou a realização de um sonho. E nesta conquista, ele reconhece a importância do apoio recebido pelo sensei Carlos e de sua irmã, Ana Clara, desde sempre presentes em sua trajetória. E aos demais companheiros que participaram de alguma forma neste caminho, apesar de alguns não estarem mais treinando junto com ele.

Sua história no Judô se iniciou antes dos Projetos da Fundação. Mas, foi graças ao Projeto que ele hoje é mais do que um aluno: de beneficiário ele se tornou professor! Graças ao esporte ele deixou de ser aquele menino que só andava de cabeça baixa, que não socializava. Venceu o diagnóstico da depressão e se tornou um homem que fez da socialização sua profissão, um professor exemplo para os nossos alunos.

Nas palavras de Pedro: “Nunca pensei em levar como profissão, eu sempre adorei, mas levava como hobbie. Poder hoje trabalhar com algo que eu sempre adorei só tem uma forma de descrever: é o trabalho dos sonhos.”

Pedro, com sua trajetória, confirma pilares fundamentais dos Projetos da Fundação Aleijadinho, quais sejam, levar saúde aos beneficiários, auxiliando nas batalhas contra inúmeras doenças; e de capacitá-los, pois, de alunos, eles podem sim se profissionalizar como professores das técnicas praticadas.

 

Luciano

Luciano, conhecido carinhosamente como Luciano da Capoeira. Desde os 11 anos de idade está presente no mundo das artes marciais. Hoje, com 51 anos de idade, se dedica ao judô. Após a morte do sensei Russein, recebeu o convite para apoiar o sensei Carlos na responsabilidade diretiva do judô em Ouro Preto.

Na época, ele dava aula de defesa pessoal em um curso voltado para vigilantes, aceitou o desafio, retornou ao judô e hoje se gradua na faixa preta.

Sobre a graduação, ele conta que o processo se iniciou anteriormente ao período da pandemia, retomado no início do ano de 2022, e hoje se sente imensamente satisfeito e feliz em poder concluir, posto que é um trabalho árduo de muita persistência e dedicação.

Para os seus alunos, ele deixa a mensagem de que o judô é um ensino para ser aplicado na vida. A sua tradução, “caminho suave”, indica que o caminho começa na infância, mas vai ter seus frutos colhidos na velhice, na melhor idade. Um estilo de vida que trará saúde, e além disso, o mais importante, adotar um estilo de vida que lhe permita ser feliz em todos os âmbitos de sua vida.

 

Ana Clara Neves

Ana Clara Neves, atualmente com 18 anos. No judô, foi diretamente influenciada pelo seu irmão, Pedro (mencionado anteriormente).

Durante dois meses, apenas acompanhava seu irmão nas aulas. Mesmo demonstrando interesse, sua mãe não permitiu que ela praticasse. Até que, vencida pelo cansaço, sua mãe permitiu que Ana se tornasse aluna do judô, desde que ela conciliasse com aulas de balé.

Intercalando judô com balé, após dois anos, sua mãe percebeu que Ana não levava jeito para o balé, e se destacava cada dia mais no judô.

Para a nossa sorte e sorte dos nossos alunos!

Ana Clara hoje é uma das senseis do nosso Projeto e suas aulas se diferenciam pela maneira que ela as finaliza, sempre com uma mensagem de incentivo para a próxima aula, e também para a vida.

Sobre a graduação, ela considera que é uma vitória. Foi um período de bastante trabalho dedicado, e é recompensador ver o esforço de uma vida ser reconhecido.

 

Parabéns a todos os graduados! Este é um momento importante, o qual deve ser compartilhado com os mais próximos e comemorados junto!

E lembrem-se: é apenas o começo!

“Acreditar no esporte é incentivar conquistas.”


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