Tem mulher no tatame sim! A importante luta contra a segregação de gênero nos esportes

14/12/2022 às 13h06

Ana Clara Neves, sensei de nosso projeto é exemplo de que é possível vencer essa resistência

 

O esporte ainda é muito marcado pelos estereótipos e desigualdades de gênero. Isto porque, historicamente, esteve baseado na separação entre os sexos para a realização dos diferentes jogos e brincadeiras ligados a ele.

Enquanto algumas atividades eram destinadas apenas aos homens, como o futebol e o basquete, outras ficavam circunscritas à participação feminina, a exemplo das danças.

Essa segregação apoiava-se na noção cultural de que a prática esportiva associava-se ao universo masculino. “Vencer desafios, superar limites, enfrentar oponentes, dor e esforço eram tidas como experiências restritas aos homens, relegando às mulheres a leveza, fluidez, graça e sensibilidade”, explica Marcos Neira, professor da Faculdade de Educação da USP e coordenador do Grupo de Pesquisas em Educação Física Escolar. (fonte: educacaointegral.org.br)

Mas se quisermos construir uma sociedade mais justa e democrática, devemos educar nossas crianças sem concepções distorcidas sobre eles próprios e os lugares que podem ocupar no cenário social.

E neste cenário, temos uma sensei que é exemplo dessa superação! Ana Clara Neves.

No judô, foi diretamente influenciada pelo seu irmão, Pedro, também um de nossos alunos que se tornou sensei.

Durante dois meses, apenas acompanhava seu irmão nas aulas. Mesmo demonstrando interesse, sua mãe não permitiu que ela praticasse. Até que, vencida pelo cansaço, sua mãe permitiu que Ana se tornasse aluna do judô, desde que ela conciliasse com aulas de balé.

Intercalando judô com balé, após dois anos, sua mãe percebeu que Ana não levava jeito para o balé, e se destacava cada dia mais no judô. E assim ela se dedicou exclusivamente ao Judô.

Mas não foi uma caminhada fácil. Ana Clara muitas vezes quase desistiu dos treinos por morar longe e pelas aulas serem noturnas. Mas contou com a ajuda de seu Sensei, que se incumbia de leva-la em casa, e assim, ela se manteve no esporte.

Para a nossa sorte e sorte dos nossos alunos!

Ana Clara hoje é uma das senseis do nosso Projeto e conta com mais de 200 alunos, na maioria em áreas carentes. Sua maior gratificação é chegar nessas comunidades e escutar seus alunos compartilhar suas vidas, suas rotinas e ainda mais, que eles adoram o judô e que esperam que o Projeto nunca acabe.

 Suas aulas se diferenciam pela maneira que ela as finaliza, sempre com uma mensagem de incentivo para a próxima aula: sua preferida é mostrar o que o judô representa e como ele transforma vidas, e dá como exemplo as experiências que viveu graças ao judô, como poder conhecer praias e amizades que levou pra vida.

Sua trajetória não foi fácil, e o último ano ainda mais intenso, conciliando trabalho, estudo e preparação para o exigente processo de graduação em faixa preta. Tudo isso com apenas 18 anos.

Para as meninas, em especial, ela deixa a mensagem de que não é fácil. Ela escutou muito que não era coisa de menina, foi muito julgada, principalmente por pessoas mais velhas.

Mas que não desistam. Ainda é muito difícil para uma mulher persistir no judô mas não é impossível, desde que você queira, continue e ocupe o seu espaço, porque é gratificante e a recompensa é muito maior.

"Acreditar no esporte é incentivar conquistas (e realizações pessoais)."


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