Muitas vezes, as pessoas com deficiência enfrentam obstáculos para entrar no mercado de trabalho devido a preconceitos e estereótipos, e, por isso, a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho é um tema muito importante e as ações para tornar esta inclusão possível devem ser cada vez mais discutidas e executadas, visando a eficácia das mesmas.
Nesse sentido, os projetos sociais esportivos têm desempenhado um papel significativo nesse processo, pois ajudam que certas barreiras encontradas pelas pessoas com deficiência possam ser superadas.
Esses projetos podem oferecer, além dos inúmeros benefícios do treinamento esportivo, a capacitação profissional para pessoas com deficiência, permitindo que elas adquiram habilidades e experiências que podem ser aplicadas em diferentes áreas de trabalho.
Ao participar de atividades esportivas em grupo, as pessoas com deficiência podem desenvolver habilidades de liderança, trabalho em equipe e resiliência. Além disso, esses projetos também podem fornecer orientação e treinamento específico em habilidades profissionais, como comunicação, marketing, atendimento ao cliente, funções administrativas, recepção e muito mais.
E aqui na Fundação Aleijadinho, o compromisso com a formação integral do cidadão é levado a sério, e temos o orgulho de torná-lo real: João Paulo, um de nossos beneficiários do Projeto Esporte e Cidadania – Judô de Ouro, pessoa com deficiência, aluno da APAE de Ouro Preto, morador do distrito de Antônio Pereira, tornou-se um monitor do Projeto.
Perguntamos à Márcia Carvalho, professora de educação física da APAE Ouro Preto, mediadora do Projeto junto à Fundação Aleijadinho, como surgiu a oportunidade de João se tornar um monitor bolsista. Vejam o que ela respondeu:
A liderança da Fundação Aleijadinho me procurou pois perceberam no João Paulo uma autonomia e facilidade em controlar e liderar os outros alunos, e viram que ele poderia auxiliar como monitor não só durante as aulas em Ouro Preto, mas também nas aulas do núcleo Antônio Pereira.
João Paulo sempre foi respeitado, visto como uma liderança pelos seus colegas de Projeto da APAE Ouro Preto. Já no núcleo de Antônio Pereira, distrito onde reside e também participa das aulas, João também tem facilidade de comunicação e relacionamento com os demais alunos, já que é conhecido por todos eles. Com essa facilidade na tratativa e espírito de liderança reconhecidos, João então foi convidado a ocupar o cargo de monitor, auxiliando o sensei no que é necessário.
Em Ouro Preto, sede, sua responsabilidade se inicia antes mesmo do início das aulas: na escola, ele auxilia seus colegas a vestirem o judogui, acompanha os mesmos até o transporte, verifica o cinto de segurança de cada um. João também ajuda na orientação dos seus colegas a respeito de higiene pessoal.
Um ponto importante é que a inclusão das meninas aqui da APAE nas aulas só foi possível graças a inserção da ajuda do João, visto que elas demandam um maior acompanhamento.
Além disso, é o responsável por observar o comportamento dos alunos durante as aulas, a fim de ajudar a manter a disciplina e, ao retornarem do núcleo de treinamento para a escola, reportar o comportamento de cada um, para mim, professora responsável, uma vez que o bom comportamento é requisito para continuarem a frequentar as aulas.
João Paulo fala sobre a oportunidade que recebeu: “Estou muito feliz em poder ajudar, é gratificante saber que sou respeitado e que possuo qualidades em equipe que me fizeram ser contratado. Apesar da nova rotina puxada, estou muito animado e deixo o recado para que os alunos continuem no judô, porque vale muito a pena! E que não se envolvam em brigas e não busquem caminhos errados”.
É importante ressaltar que os projetos sociais esportivos não devem ser vistos como uma solução definitiva para a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. Eles devem ser vistos como uma ferramenta para ajudar as pessoas com deficiência a desenvolver suas habilidades e ganhar experiência profissional. Além disso, é importante que as empresas também estejam dispostas a criar oportunidades para pessoas com deficiência, fornecendo um ambiente de trabalho inclusivo e acessível. E isso, nós fazemos!
Portanto, os projetos sociais esportivos podem ser uma excelente maneira de iniciar a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho, ajudando-os a desenvolver habilidades e experiência profissional que podem ser aplicadas em diferentes áreas. Esses projetos são uma forma de promover a igualdade de oportunidades para pessoas com deficiência, criando um mundo mais justo e inclusivo para todos.
Nas palavras de Márcia Carvalho, em relação à profissionalização inclusiva, “Iniciativas como essas são de suma importância. Todas as vezes que conseguimos incluir nossos alunos no mercado de trabalho a gente engrandece muito nosso papel, nós trabalhamos, além do aprendizado básico, a autonomia de nossos alunos, e ver que estamos alcançando sucesso nesta empreitada é muito gratificante para toda a APAE e para o que representamos na sociedade”.
Fundação Aleijadinho, APAE de Ouro Preto, nossos patrocinadores e apoiadores, família e comunidade, juntos rumo à formação integral de cidadãos através do esporte.
“Acreditar no esporte é incentivar conquistas!”